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By Ferramentas Blog

domingo, 26 de abril de 2015

Os Elementos Metafisicos da Cabala








A -   Os   Sephiroth

A palavra hebraica Séphira [plural: Sephiroth] significa Números, Numeração. [Se vê por aí a influência das idéias  platônicas, pitagóricas, alexandrinas, sobre a Kabala hebraica]. Em efeito, desde que compreendeu o processo gerador das Cinco pessoas, dos dois Casais e dos Dois Rostos, o estudante em Kabala vai os abandonar, e, decompondo esse sistema primitivo em novos elementos, exprimidos por novos vocábulos, ele vai abordar o estudo dos Sephiroth. Os Sephiroth nos fazem penetrar no domínio do Absoluto. Eles nos permitem de alguma maneira adaptarmo-nos às condições da Relatividade. Seu sistema exprime as condições de inteligibilidade e de existência de
toda realidade não absoluta [pois que eles estão no plano da Natureza Naturante]. Para o Homem, eles especificam a emanação pelo pensamento divino da condições de possibilidade para: a Criação, a Conservação e a perfeição de toda realidade. Eles resumem pois o pensamento Divino, conforme este se manifesta pela produção de Criaturas, e que ele se faz conhecer às ditas Criaturas. Os Sephiroth manifestam as adaptação da natureza absoluta as condições da relatividade, em função da Vida, todas essas coisas próprias à Esfera da Criação.                                              
Forças Energéticas Universais, "Números-deuses", seu estudo exprime de alguma maneira a técnica, os procedimentos operatórias, pelos quais o Absoluto, concretiza pelo Filho, ou Verbo Criador, condescende à sua Criatura para elevar para Si. Eles são, estudados através das regras e técnicas das duas Kabalas [mística e prática], das etapas que servirão de mediação entre o Absoluto e o Relativo. Das deduções dessas condições transitivas, da constituição e do estudo dos Nomes Divinos [expressões imaginadas dos aspectos do Absoluto, a respeito desse ser relativo que é o Homem], a Kabala tirará a hierarquia dos quatro mundos, que veremos mais adiante. O Homem encontrará pois aí os reflexos, no todo Universal, dos múltiplos aspectos do Absoluto. Ser relativo, o homem arquétipo não poderá pois subsistir  na Natureza, a não ser que se submeta às próprias condições que constituem nessa Esfera o próprio princípio de existência, da inteligibilidade, da ação possíveis. Concluímos  que somente a percepção e a concepção da "divino" permitem ao Homem conservar a Vida no seio desse caleidoscópio eternamente mutável, e de vir a ser um ser imortal. O que definimos no início desta obra, sob o nome de "Divino Conhecimento", é pois efetivamente a chave de um eterno devir.
Se vê por essa exposição que os Sephiroth não são em absoluto pessoas divinas, mas simplesmente emanações. É um erro que frequentemente os Kabalistas modernos cometem em atribuir os três primeiros Sephiroth as três pessoas da Trindade. Aqueles não são mais que a imagem, a lembrança. Os Kabalistas de antes não se enganaram a esse respeito. O Zohar nos diz que os Sephiroth são "Formas, que Deus manifestou para dirigir através deles os mundos desconhecidos e invisíveis ao Homem, assim como os mundos invisíveis..." [igual aos Eons dos gnósticos]. Ezra-Azriel declara que eles são: "a potência de ser de tudo o que é, de tudo o que está sob o conceito do Número puro". Conforme Irira. "São instrumentos espirituais de que se serve o Emanador Infinito, para criar, formar, fabricar, conservar". Ele acrescenta: "Não são pois criaturas para dizer a verdade [pois que eles servem para criar], mas raios do Infinito, que descem da Fonte Suprema, sem dela se separar realmente". Moisés de Cordoba nos diz: "Eles aderem a Causa Primeira, quanto a essência, mas quanto a operação [do latim opera: trabalho], são mediadores que representam a Causa Primeira, inteiramente inacessíveis em si. Eles emanam imediatamente e pela virtude dessa mesma Causa Primeira, produzem e governam todo o resto". Concluímos que os Sephiroth são demiurgo, é o Pleroma dos gnósticos.                                                                                                           
Não é inútil dar uma análise da idéia sephirótica, segundo a ética de Spinoza, tal como ela foi apresentada pelo Dr. Jellincks, em seu "Estudo sobre a Kabala "[1].                                                 
1°) Para o SER que é a Causa e o Governo de todas as coisas, compreendemos o que é Ain-Soph, quer dizer um ser infinito, livre, absolutamente idêntico a si mesmo, unido em si, sem atributos, nem vontade, nem intenção, nem desejo, nem pensamento, nem palavra, nem ação esses atos dependem, de fato, uns dos outros.                                                
2°) Por Sephiroth, compreendemos as potencialidades emanadas pelo  Absoluto, Ain-Soph, e que são todas, necessáriamente, entidades limitadas pela quantidade, que, como a vontade, sem mudar de natureza diferencia as coisas que são as "possibilidades de coisas multiformes". [1] - Leipzig, 1852. Em efeito, cada efeito tem uma causa, e tudo que demonstra a ordem e a intenção tem um diretor. Além disso, tudo o que é visível tem um limite, aquilo que é limitado é finito, o que é finito não é absolutamente idêntico. A Causa Primeira do mundo sendo invisível, ela é pois ilimitada, infinita, absolutamente idêntica, e corresponde a definição de Ain-Soph. Pois a Causa Primeira do mundo sendo infinita, nada pode existir fora dela mesma. Ela é imanente.                                               
3°) Os Sephiroth são necessáriamente o intermediário entre o Absoluto Ain Soph e o mundo contigente. Em efeito, esse mundo é limitado, e imperfeito. Ele não procede pois diretamente de Ain Soph. Pois bem, Ain Soph deve necessáriamente exercer sua influência sobre ele; se fosse de outra maneira, o dito mundo não subsistiria ! Daí a necessidade de um intermediário, o conjunto dos Sephiroth que, em sua íntima conexão com Ain Soph, constituem um Todo Perfeito, mas que portanto, em sua pluraridade, são necessáriamente imperfeitos. Pois bem, já que todas as coisas existentes são nascidas de sua ação, que elas mesmas são diferente umas das outras, há pois um ápice, um estado médio, e um degrau inferior no mundo real.                             Porque há dez Sephiroth ? Spinoza nos dá, segundo Jellincks, a razão abaixo. Todos os corpos tendo dimensões, e cada uma delas repetindo as três outras, e aí acrescentando o Espaço, obtemos: (3x3)+ 1= 10. Pois bem, como os Sephiroth são as potencialidades de tudo o que é, eles devem ser em número de dez. Portanto esse número, definindo a pluralidade - tipo, constitui também o retorno a unidade, pois que contém em si todos os números princípios de um a nove. Sobre o fato que os Sephiroth são emanações e não criações, se pode dizer isto: Sendo dado que eles procedem de Ain-Soph, que é a perfeição Absoluta, eles devem pois necessáriamente serem perfeitos, cada um em seu domínio próprio. Daí, se conclui que eles não poderiam ser criados, mas que eles são consubstanciais com Ain-Soph, e simplesmente emanados.
Os Sephiroth não estão fora da unidade de Ain-Soph; cada um deles deve receber daquele que o precede e comunicar aquele que o segue quer dizer que eles são ao mesmo tempo receptivos e comunicativos, assim como chamas que se iluminam umas nas outras sem que cada uma perca nada durante essa transmissão da luz. Mas como conceber sua fonte ? É o que vamos agora tentar precisar.                                     
B. - Ain   Soph =  A  Existência  Negativa  de  Deus

I. - Ain   Soph   Aur.
Além de tudo o que é concebivel, além de tudo o que o Homem pode imaginar, conceber, contemplar, além de tudo o que é, para ele, o BEM, e além de tudo o que é o MAL, há ainda "alguma coisa". Essa coisa é um "Impossível", ainda mais abstrato que as impossibilidades acessíveis a nosso espírito. E isso é a existência negativa de Deus, tudo o que esse concebido pelo Homem, não é. DEUS  Definir o que DEUS não é é pois impossível ao Homem. Mas admitir que isto deve ser, necessáriamente, já é colocar o primeiro termo de uma definição particular desse ABSOLUTO. A filosofia e a mística, se expressando conjuntamente na teodicéia, nos dizem o que a quimera anagógica e o raciocínio lhe permitiram assentar como certezas metafísicas, com respeito a Deus. Elas colocam pois deste modo a si mesmo os limites de seu domínio. Além do que elas estabeleceram no apanhado de suas buscas, esta, é, o VAZIO, certamente, mas um vazio luminoso pois que a última imagem apanhada pelo homem o faz conceber DEUS como uma Luz Brilhante que cega, fria, imóvel, insonora, inodora. Esse domínio resplandecente, aberto sob os passos do místico no extremo limite de sua viagem, é o que a Kabala chama de a "Luz Vazia e sem Limites", ou seja em hebraico: ."Ain Soph Aur". Essa palavra composta, deriva de Ain: nada, vazio, de Soph: limites, margens, e de Aur: luz [1].
II. -  Ain   Soph.
Se admitimos [como está dito no parágrafo 1°], que além do que é concebível e traduzível, há um domínio do qual não podemos estabelecer nenhuma "imagem", somos então conduzidos a reconhecer que essa noção de "Luz" é portanto ainda uma noção!
 [1] - É evidente que se trata de elementos metafísicos de expressão. Esses termos não tem nenhuma relação com a luz física nem com as trevas correspondentes... Ain Soph Aur equivale a idéia de iluminação espiritual e Ain Soph aquela, puramente agnóstica, de Ignorância Total. Quanto a Ain, é o aniquilamento de todo pensamento. De toda concepção, a perda de conhecimento, no sentido esotérico da palavra... Rejeite-mo-la, pois ela também, como um dos últimos véus que nos mascara a eternidade de Deus, e chamemos o Nada a nosso auxílio ! E o Nada nos confiará ainda um segredo. Ele nos fará conceber uma "região" do Desconhecido de onde  nenhuma "Luz" emana. Diante de nós, debruçados nas margens do Abismo, não há mais que uma "Noite" escura, noite espantosa, tenebrosa e silenciosa. E essas Trevas, as adivinhamos sem limites, assim como era portanto para o própria "luz" precedente. Isto, está além de Ain Soph Aur, o "Vazio Luminoso", além dessa "Luz" que era ainda uma realidade, é "Ain soph", o "Vazio obscuro e ilimitado".
III. - Ain.
Mas essa "Noite", por espantosa que seja, é ainda uma realidade relativa, pois que chegamos a concebe-la! Ela é, a sua maneira, e se ela nós faz conceber o "Nada Absoluto", melhor que a "Luz" precedente que era ainda uma realidade ainda tangível, ela nos oferece ainda uma possibilidade de evasão... Mergulhemos pois nesse oceano obscuro, nessa imensidade negra e fria. No final da viagem , quando, tendo estado além da "Luz sem limites" , explorando as "Trevas sem limites", teremos rejeitado toda ou noção ou toda imagem do próprio INEXPRIMÍVEL, quando sentirmos o espírito vacilar, quando a vertigem da Loucura nos arrebatar para o "Horror que não tem nome" para o INCOMPREENSSÍVEL, então veremos aparecer o fim desse "interrogatório" demoníaco... E saudaremos com alegria o aniquilamento liberador ! Pois uma "região" metafísica nova abrirá a nossa frente suas "portas", e além destas, leremos por fim a palavra que nos adormecerá, embalando nossas dores e acalmando nosso coração comovidíssimo, e essa palavra, será por fim "Ain", ou seja: NADA... Concluímos pois que além do que é impossível, como além do que não é, em um caso como no outro, está o "NÃO SER".                                                                                                     
Esse "NADA", esse domínio onde Deus oculta "o que não será, o que não é e o que jamais foi", é a antípoda imediata de uma outra região, onde Deus manifesta "o que foi, é, e será". Entre esses dois mundos, há uma "passagem", que encontramos em seguida, mais acentuada;  essa passagem, é de alguma maneira o "Umbral" e se chama Kether, a "Coroa de Eternidade". De Kether, nasce uma outra manifestação de Deus, em um plano ou mundo diferente, e que desce, de "reflexo" em "reflexo" até o universo material, até o Homem a planta, ao mineral. Se vamos ainda mais longe, descendo sempre mais baixo, para o Nada das origens, para o Abismo onde começa a fervilhar, dançar, flutuar todas as larvas do "que será", nos afastaremos sempre um pouco mais de Kether. E portanto, lenta mas seguramente, franqueando uma após outra as zonas que visitou Dante, passaremos sucessivamente, após "o Mundo" dez regiões que são: "a Fossa" [ou Shéol], "a perdição" [ou Aebron], "o excremento" [ou Tit- Aisoun], "o Poço do Abismo [ou Bershoat], "a Sombra da Morte" [ou Irashtom],  "as Portas da Morte" [ou Gehenoum], e por fim "o Vale do Esquecimento" [Gehennain]. Além, nos dizem as tradições, vem o "Horror que não tem nome". Que encontramos então, sobre as margens do último "Umbral" ? A Noite, fria, negra, como a Tumba. E o Vazio também ! O Vazio que se manifestará pela sensação de uma queda sem fim. Estamos diante de Ain, o "NADA"... E nós teremos rodeado o périplo...                                                 
Aben Ezra tirou dessa concepção fantástica do Nada Absoluto, anunciada por Maimonides, sua gênesis dos Sephiroth. O conceito que reúne todo o conjunto dessas negações é o conceito do Ain soph [sem fim, infinito]. O Ain Soph é ilimitado, um, em si, sem atributo, sem vontade, sem idéia, sem intenção, sem palavra, sem ação. Esse Ser não pode ter querido a Criação, pois a vontade implica no agente que quer uma mudança, uma imperfeição. Mas se esse Ser é infinito, tudo está nele, e nada está fora dele. Se tudo está nele, então o Universo limitado, defeituoso, está também nele, pois se ele não tivesse também o poder de realizar o finito, sua potência seria limitada e não seria infinita. Aqui se faz necessário dar a palavra para o autor: "O Infinito é o Ser absolutamente perfeito se lacuna. Pois, quando se diz que há nele uma força ilimitada, mas não a força para se limitar, se introduz uma lacuna em sua plenitude. Por outro lado, se dizemos que esse Universo - que não é perfeito - provém diretamente dele, se declara que sua potência é imperfeita. Pois bem, como não se pode atribuir nenhuma lacuna à sua perfeição, é preciso necessáriamente admitir que o Ain soph tem o poder de se limitar, cujo poder é ele mesmo ilimitado". "Uma vez saído dele diretamente esse limite, esses são os Sephiroth que constituem ao mesmo tempo a potência de perfeição e a potência de imperfeição. Em efeito, quando eles recebem a plenitude super abundante que emana de sua perfeição, eles tem uma potência perfeita, mas quando o escoamento não lhes chega, eles tem uma potência imperfeita. Eles tem por consequência o poder de agir ao mesmo tempo de uma maneira perfeita e de uma maneira imperfeita. A perfeição e a imperfeição fundamentam  a variedade das coisas". "De outro lado, dizer que Deus dirige sobre a Ato Criador sua vontade sem a intermediação dos Sephiroth, é se expor a objeção, a saber que a volição implica uma imperfeição no sujeito que quer. Dizer ao contrário que sua vontade não foi dirigida sobre o Ato Criador, é objetar que a criação seria uma obra do azar. Pois bem, tudo que nasce do azar não tem ordem fortalecida. Mas nós vemos que as coisas criadas tem um ordem segura, que elas nascem, subsistem e perecem de acordo com essa ordem. E bem! Essa ordem é o conjunto dos Sephiroth. Os Sephiroth são a potência de ser de tudo o que é, de tudo o que está sob o conceito do número. E como a existência das coisas criadas se deve a intermediação dos Sephiroth , elas se distinguem necessáriamente umas das outras e há nelas uma região superior, inferior e média, ainda que todas saiam de uma raiz fundamental, o Infinito, sem o qual não há nada". Assim se demonstra a existência dos Sephiroth, mas como demonstrar agora que eles são em número de dez, em uma só potência ? Os Sephiroth, dissemos, são o começo e o princípio de tudo o que é limitado. Pois bem, tudo aquilo que é limitado se separa em uma  substância e um lugar, pois não há substância sem lugar e não há lugar  sem a  presença de uma substância. Mas o mínimo que se pode reconhecer em uma substância é uma tríplice potência [superior, média e inferior]. Pois quando essa tríplice potência se estende em comprimento, largura e profundidade [altura], isso faz nove possibilidades como então uma substância não pode subsistir sem um lugar e reciprocamente, logo o número que envolve substância e lugar não pode ser inferior a dez. Por isso é dito no Sepher Yetzirah "Dez e não nove, mas em outro lugar dez e não onze, pois se poderia acreditar que se os três se tornam nove, os quatro se tornam seis, o que não é pois é necessário considerar que o lugar existe por consequência da substância e que a substância e o lugar constituem uma só e mesma coisa". O número dez não é incompatível com a unidade do Ain Soph, pois que a unidade é o fundamento de todos os números e que a multiplicidade sai da unidade assim como o fogo, a flama, a centelha, a luz, a cor ainda que diferentes, tem no entanto uma causa única. E a prova que os Sephiroth são emanados e não criados ? Resulta da perfeição de Deus que a forma de produção do universo é a Emanação, quer dizer um modo que pode se despender sem nada perder. Além disso onde estaria a marca da perfeição divina, pois que o próprio das coisas criadas é precisamente não ser idênticas a si mesma e de diminuir. Como as Sephiroth poderiam além disso suprir sem medida e eternamente a todas as necessidades do universo ? Mas se os Sephiroth são emanados, como podem ser limitados, mensuráveis e concretos ? A realidade concreta é mensurável é uma consequência de seu limite e eles tem um limite afim de marcar por outro lado, como dissemos, a potência de Deus em se limitar, e por outro lado porque toda coisa para ser perceptível ao espírito deve ser limitada. Pois bem os Sephiroth destinados a revelar a glória de Deus estavam destinados a ser conhecidos pelo Homem. Mas se os Sephiroth são limitados, seus limites emanam de Deus de uma maneira ilimitada. É por isso que foi dito no Sepher Yetzirah: "sua medida é dez sem fim". A Emanação teve um começo ou ela é eterna ? Se ela começou se pode objetar: como pode haver o novo e a mudança no Absoluto ?  E se dissermos que ela é eterna, nos, expomos a seguinte objeção: mas então os Sephiroth são iguais e idênticos ao Ain Soph ?  É necessário admitir que entre os Sephiroth há um, o primeiro, que em efeito existe em Deus desde toda a eternidade, mas somente "em potência". Quanto a objeção da identidade dos Sephiroth entre eles, se pode responder pela comparação de uma chama na qual se teria acendido toda espécie de luminares, que ainda que saídos do mesmo princípio, seriam mais ou menos brilhantes. Da mesma maneira, os Sephiroth diferem entre eles por sua maior ou menor anterioridade. Se erraria pois em considerar os Sephiroth como planos nos quais tomaria nuância diversa, repartida de maneira não igual, a essência divina necessária para a existência e a manutenção da Criação Total. São, bem ao contrário, no sentido da palavra demiurgii [obreiros divinos] Forças Energéticas Inteligentes.
Seu maior ou menor afastamento essencial de Ain soph Aur, a Divindade Negativa faz uma hierarquia. Essa Década Inteligente, a encontramos deformada, degenerada, na teogonia cristã com os nove coros de Anjos, que são: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potências, Virtudes, Principados, Arcanjos, Anjos. O último coro é constituído, do ponto de vista da maior parte dos teólogos, pelas Almas glorificadas. O exoterismo judaico comum os designa sob o nome de Haioth Hakodesch [tradução direta: animais de santidade]. O grego traduz por aggelos, mensageiros, intermediários. Estas duas últimas expressões são bastantes certas, o mensageiro, o intermediário, estão próximas de um obreiro divino. Eis seus nomes hebraicos: Os Ophanim ["que desembaraçam o caos"], os Aralim [que mantém a forma da matéria sutil], os Hasmalim [que asseguram a representação da efígie dos corpos e das formas materiais],  os Serafins [ que produzem os elementos], os Malachim [que produzem o reino mineral], os Elohim [que produzem o reino vegetal"], os Beni Elohim [que produzem o reino animal], os Querubim [que presidem a criação dos Homens e os conduzem para a vida eterna], os Ischim [que dão aos Homens a inteligência e a compreensão das coisas divinas]. Não cometeremos o erro dos autores maniqueístas, que colocam frente à Década Divina um Década Sombria, composta de elementos e de forças opostas. O dualismo é um erro. O Mal como entidade pura não existe. É a maior ou menor ausência do soberano Bem [a essência divina, nós vimos, mais ou menos retirada de alguma coisa] que dá a ilusão. Mas há entretanto um aspecto inverso das dez Sephiras. Em seguida o veremos. A palavra coro empregada para a angeologia cristã é bastante exata, significando em grego "uma assembléia de Seres ou de coisas segundo uma ordem determinada e se movimentando conforme leis precisas". Essa Década Sagrada se encontra ainda na Mitologia grega, com Apolo e as Nove Musas, que são: Apólo [a Glória], Clío [a História], Urânia [a Metafísica], Tália [a Comédia]; Melpomene [a Tragédia], Políminia [a Eloquência], Calíope [a Epopéia], Erato [a Poesia ligeira], Euterpe [a Música], e Terpsicore [a Dança]. O esoterismo de suas definições, suas raízes no psiquismo do Homem e as relações metafísicas que daí emanam, são fáceis de descobrir. O pitagorismo destacou mais que qualquer outro movimento filosófico a importância de Década e os Dez Números Puros a compondo.                                               
Os Sephiroth sendo emanações e planos inteligentes, é pois por eles e neles que se realizam as eternas criações de Deus.   Sobre o esquema , o conjunto dos Sephiroth, é disposto segundo uma certa ordem decrescente e proporcional. Ele não indica, para dizer a verdade, diferenças, mas estados. E não se saberia afirmar se a Sephirah  Malchuth é a mais afastada de Kether que a de Yesod. Aí é um simples esquema de repartição. No alto da Árvore, temos três nomes. Kether sendo a última manifestação do Filho antes de entrar em sua própria essência, é necessário que esperemos reencontrar lá o "Divino" Total. Efetivamente, esses três nomes não fazem mais que estabelecer o mistério do Deus Tríplice. Ain significa Negação, Ain Soph, é Ilimitado, e Ain Soph Aur, é Luz Sem Limite. Imediatamente após a última emanação que é Kether, deixamos, entanto quanto observador do Divino, o domínio do real, da criação. Então naturalmente vem o contrário: o Irreal, e o Não Ser. O Filho é para nós a última manifestação do Divino. Ele nos é ainda perceptível sob sua forma de Homem Deus, temos pouca capacidade de visualizá-lo , pois que somos como fragmentos do Homem Arquétipo, feitos a sua imagem. Se nos reintegrarmos em sua essência [o que é impossível pois que não somos mais que uma criatura], então poderíamos vagamente perceber a Mãe, segunda pessoa da trindade. Não poderíamos ir mais longe porque nos seria impossível nos incorporar nela. Essa segunda pessoa nos obstrui a percepção da primeira. O espírito do Homem se perde Nela, não pode ir além. Ela é pois para nós o Ilimitado, assim com a define Ain Soph [1]. E a respeito do pai, sobre o qual nada podemos obter, somos reduzidos ao silêncio intelectual. Não dizer nada, é quase negá-lo. De onde a expressão Ain: a Negação [2].                                                
A tradição hebraica define as manifestações dos Dez Sephiroth com o auxílio dos dez Nome Divinos.
Esses Dez Nomes Divinos não demonstram o nome [tanto quanto modo de ação do Verbo Humano] como palavra de poder. Eles não permitem o domínio oculto, pelo homem, da Força Energética em questão. Eles não definem dez deuses diferentes. Eles exprimem simplesmente o filho, quer dizer apesar de tudo, Deus, se manifestando de uma maneira dada em um desses planos. É necessário pois os traduzir para o português, para compreender a natureza do Nome e da Sephirah. Esses são modos de definição. Mas a Kabala prática os conserva sob sua forma hebraica[3].
Sendo essas Forças Energéticas, Criadoras, Inteligências, os Sephiroth são naturalmente o domínio para o qual deve se voltar a ação evolutiva do Homem. Eles devem, ser para ele, refúgios, proteções, agentes de sua salvação. É neles, de esferas em esferas, que ele deverá se elevar para o Divino, tão alto quanto puder atingir, quando tiver êxito na tarefa de desprender sua própria essência da gehena a qual se modelou e afundou, desde que quis se igualar a Deus. [1] - As Virgens Negras são uma imagem dessa "Treva Divina", chamada: Ain Soph. [2] - Bitos: Abismo, dos gnósticos. [3] - A palavra FILHO não significa em absoluto aqui a terceira pessoa da Trindade cristã, mas o NOIVO, o REI, do Microprosopo, por oposição à MÂE,  a RAINHA,  a NOIVA, da qual ele é o par. Nós o empregamos porque é um termo familiar para os mistérios do Ocidente.

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