O Propósito Espiritual das
Sete Leis
Extraído do livro “Kabbalah and Meditation
for the Nations” do Rabino Yitschak Ginsburg.
A
identidade inata dos não-judeus está baseada no número sete. Por exemplo:
• Existem
70 (7 x 10) nações primordiais ou raízes étnicas, que se originam aos 70
descendentes de Noé, como enumerados na Torá (em Gênesis 46:27 e Êxodo 1:5).
• As 70
nações ou raízes étnicas estão relacionadas às sete nações canaanitas que
ocuparam a Terra de Israel antes de D’us dá-la ao povo judeu.
• Entre
elas, as nações se comunicam usando 70 diferentes famílias de idiomas.
O número
sete (e o número setenta), também possui um significado especial na tradição
judaica. Ele denota “carinho”. Nas palavras dos sábios “todos os sétimos são
queridos”.
Para um
judeu, o sétimo dia – o Shabat –, é qualitativamente diferente dos seis
dias da semana. É um dia sagrado, voltado ao descanso dos trabalhos mundanos, e
um tempo para experimentar a transcendência Divina – a presença de D’us acima
de tudo.
Para o
não-judeu, por outro lado, o número sete representa a consumação da realidade
secular. O sétimo dia não é, necessariamente, diferente dos outros dias da
semana. É um dia de trabalho e, por isso, um tempo para experimentar a
imanência Divina – a presença de D’us dentro de tudo.
Em adição
a isso, o número de descendentes do patriarca Jacó, o progenitor do povo judeu,
está explicitamente descrito na Torá como sendo setenta. Essa era, também, a
base para D’us ordenar Moisés a estabelecer setenta anciãos para o Sanhedrin,
o Alta Corte das leis da Torá. De um modo mais profundo, setenta sábios eram
necessários para dar voz às “setenta facetas da Torá”.
Posteriormente,
D’us ordenou a Moisés, que transmitiu a Josué, para que, ao entrar na Terra de
Israel, fossem recolhidas grandes pedras nas quais ele deveria escrever o texto
completo da Torá. Os sábios explicam que a intenção de D’us era que a Torá
fosse traduzida e gravada nas pedras nas setenta línguas das nações do mundo.
Este
último exemplo sobre a importância do número sete em relação à Torá e ao povo
judeu é a base fundamental da tarefa dada aos judeus de instruírem as nações do
mundo nos caminhos de D’us. A partir deste exemplo de fazer com que a Torá
estivesse acessível a todo ser humano na Terra, sem preconceitos ou
pré-condições, nós aprendemos que D’us deu a todos a oportunidade de adotar a
Torá em sua plenitude.
O número
sete para os judeus representa a unidade – principalmente a Unicidade de
D’us –, enquanto o número sete para os não-judeus representa a pluralidade.
Isso é devido ao fato de, na alma judaica, os sete poderes
emocionais/comportamentais estão subordinados e servem à busca espiritual dos
três poderes intelectuais (a missão de revelar a unidade absoluta de D’us). No
estado ainda não-retificado da alma não-judaica, os três poderes intelectuais
servem os desejos terrenos dos sete poderes emocionais/comportamentais e,
assim, se identificam em um nível básico com a pluralidade do mundano.
Assim,
para a alma judaica, a procura em ascender e descender os sete níveis acima
mencionados permanece secundário ao seu comprometimento em viver uma vida de
acordo com a Torá, baseada nos três eixos da Árvore da Vida, a esquerda, a
direita e o centro. O eixo direito corresponde ao seu comprometimento em
cumprir os 248 preceitos positivos; o eixo esquerdo corresponde ao seu
compromisso em cumprir os 365 preceitos negativos (abster-se do que a Torá
proíbe); e o eixo central corresponde à santificação de todos os pensamentos,
palavras e ações, seja no contexto de um dos 613 preceitos, ou ao se envolver
em atividades mundanas.
Assim
também, a alma judaica, de modo ideal, prefere ligar os opostos, transcendendo
a lógica simples e binária, e não similares. Para a alma não-judaica, o oposto
é o caso.
Nós agora
retornamos à nossa observação inicial que antes de comprometer-se com o caminho
da Torá, as sefirot intelectuais de um não-judeu estão subordinadas aos
poderes emocionais/comportamentais. Ou, em outras palavras, o não-judeu está
inatamente ligado ao mundo. E é exatamente para corrigir este afastamento de
tudo o que é Divino e celestial em natureza que as Sete Leis de Bnei Noach
foram entregues.
Um
não-judeu que se compromete com os mandamentos de Bnei Noach experimenta
um refinamento de seus sete poderes emocionais/comportamentais dentro da alma.
O aspecto individual físico começará a servir seu intelecto, e isso tornará
possível enxergar através dos três níveis superiores da alma e vislumbrar D’us.
Ao mesmo
tempo, ao adotar as Sete Leis dos Filhos de Noé, a pessoa alcançará o
entendimento de que a retificação vem somente com a subserviência à Torá e às
leis por ela impostas; e isso, em oposição ao indomável desejo de ascender
espiritualmente, é o que o traz mais perto de D’us. Assim, é possível entender,
de modo verdadeiro, que D’us criou um mundo cheio de opostos para eles possam
ser unidos pelas pessoas, revelando, assim, a Unicidade absoluta d’Ele.
Quando
tudo isso acontece – e muitas vezes isso acontece de repente – um não-judeu
sente uma profunda transformação espiritual. Porém, quando não acontece
(e é muito provável que um não-judeu negligencie suas obrigações ordenadas por
D’us), ele permanecerá impossibilitado de apreender a verdadeira Unicidade de
D’us, e cairá no mundo da idolatria. Isso, normalmente, se manifesta em uma
forma distorcida de idolatria, como estrelas, natureza, o panteão de “deuses”,
dinheiro etc. Todos formas de idolatria que podem ser definidas como qualquer
coisa ou qualquer um além de D’us. Até mesmo as aparentemente
inócuas estrelas modernas do cinema, astros da música e do esporte, contribuem
para distorcer a capacidade da pessoa em adorar o Todo Poderoso.
Gal Einai
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